Marielle Franco comanda primavera feminista
300 mulheres se reuniram no Rio de Janeiro para ouvir a proposta de ocupação dos espaços de poder no legislativo.
Floriu. Aproximadamente 300 mulheres atenderam ao chamado de Marielle Franco e se encontraram no Seminário Nacional de Mulheres do Psol para ouvir uma proposta. O desafio posto é o crescimento da representação das mulheres no parlamento, nas Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas e, em especial, Câmara dos Deputados e Senado Federal, onde são elaboradas e sancionadas as leis.
Marielle começou o discurso falando da PEC 181, proposta para aumentar o tempo de licença maternidade e que, na verdade, criminaliza toda e qualquer forma de aborto, inclusive nos casos legalmente previstos em lei: estupro, risco de morte da mãe e fetos anencefálicos.
“O que foi a concretização da votação da PEC 181 feita por uma comissão especial composta por 18 homens, que estão buscando decidir a vida das mulheres? As mulheres estão crescendo no processo de votação, mas precisamos crescer além das cotas. A gente cresce na representatividade na educação, na favela, na cultura. A gente está nos espaços de influência, no secretariado, na organização. Agora, o chamado é para que não decidam por nós ou a gente vai deixar que decidam por nós? O chamado é para a gente ocupar os espaços de poder, de decisão.”
Foi ovacionada.
Ativista do Movimento Moleque, Mônica Cunha, diz que a mensagem é de incentivo para que mais mulheres ocupem espaços de poder na política porque a política sempre esteve na vida das mulheres negras. “A gente faz política desde a hora que a gente acorda até a hora que a gente vai dormir. Agora, temos que levar esse aprendizado para os partidos políticos”, disse.
A advogada Laina Crisóstomo, fundadora do coletivo Tamojuntas e participante da Rede de Ciberativistas Negras, viajou da Bahia ao Rio de Janeiro para participar. Laina diz que é possível reverter o quadro de perda de direitos que ameaça as mulheres no Brasil, mas é preciso que as mulheres queiram estar nesses espaços. “Hoje a gente vive uma relação de representatividade. Ver a gente faz toda diferença. Quando a gente olha ao redor aqui, a gente vê o que é espelho. A gente está se vendo nesse mandato de Marielle porque ter mulher preta nos espaços de poder e nos espaços de representação faz toda diferença.”
Laina, que observa o cenário legislativo, disse que a situação em Salvador (BA) é muito ruim. “Pelo Psol temos um vereador e uma mulher negra de outro partido de esquerda, além de uma mulher negra de partido de direita. Portanto, a representação é muito ruim.” Salvador nunca teve uma mulher negra como prefeita, mesmo sendo a cidade com maior número de pessoas negras fora da África, e as sete deputadas estaduais da Assembleia Legislativa da Bahia são brancas.
Para Laina, fazer parte da Rede de Ciberativistas Negras faz diferença porque amplia a capacidade de propagar as pautas da atuação ativista. “Eu não vou aceitar que a gente não vote em mulher. A gente tem que votar na gente e tem que se fortalecer”, declarou.
A noite teve várias atrações: mulheres do hip hop, parlamentares, lideranças políticas e de movimentos sociais, profissionais do ensino, assessoras parlamentares lembraram das várias lutas a serem travadas. Os pronunciamentos lembraram a PEC 181, a Reforma da Previdência, do Trabalho e a vulneração das mulheres negras
No entanto, nenhuma surpresa foi mais comemorada do que o pedido da feminista Shuma Schumaher para que a vereadora Marielle Franco seja a candidata do Psol ao Senado. Será?
Por: Viviane Gomes, da Rede de Ciberativistas Negras
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